Tudo o que você precisa saber antes de viajar para a terra dos faraós: veja quais são os mitos e verdades sobre o Egito.
Eu adoro encorajar todo mundo a viajar, mas também não quero iludir ninguém.
O Egito não é um destino fácil, mas pode ser incrível se você alinhar suas expectativas antes de viajar.
Antes de mais nada, quero falar algo que talvez você não saiba: o país não chama Egito. Calma, que eu explico. Os egípcios chamam seu país de Jumhuriyah Misr al-‘Arabiyah, ou simplesmente Misr. Os termos “Egito” e suas variações como “Egypt” são usadas apenas fora do mundo árabe.
As 3 grandes pirâmides
Sabe aquelas imagens das blogueiras de vestidão e chapéu em frente das pirâmides, no meio do deserto? Então, não é bem assim… As três grandes pirâmides ficam em Guizé, ao lado do Cairo. É uma área urbana, super populosa e bem periférica. Descontrua a imagem que você chegará nas pirâmides de camelo, em um grande deserto. As pirâmides ficam no meio da cidade.
É possível sim entrar nas pirâmides. Mas é só para viver a experiência. Todas foram saqueadas e não há absolutamente nada dentro das três pirâmides. As passagens são extremamente apertadas em alguns pontos. Se você sente desconforto em lugares fechados ou é muito alto, pense direitinho se irá encarar este rolê.
O Cairo é uma cidade moderna?
Não se iluda. Há uma nova área sendo construída, que chama New Cairo. Dizem que a ideia é que pareça com Dubai. Muito linda a proposta, mas não condiz com o resto da cidade. No geral, o Cairo parece uma cidade que foi bombardeada. Mais de 99% das construções não foram finalizadas e as paredes não foram rebocadas e nem pintadas. Quando as casas são finalizadas, muda muito o valor do imposto. Assim, as pessoas mantém tudo no tijolo. O aspecto é bem impressionante. Ainda mais que em algumas áreas vemos só o esqueleto de alguns prédios com todas as lajes demolidas.
O céu tem uma cor bem acinzentada e as ruas tem bastante lixo. Outra coisa impressionante é a quantidade de animais que vivem nas ruas. Tem cachorro e gato para todo o lado. E todos estão sempre à procura de comida, seja no lixo ou atrás dos turistas.
É possível viajar por conta para o Egito?
Possível tudo é, mas não recomendo. É bem provável que você até consiga economizar, mas passará tanto perrengue que não vale a dor de cabeça. Sem contar, que é uma falsa ilusão que irá fazer as coisas por conta. Você terá que contratar guias locais de qualquer forma.
Uma das coisas que você deve levar em consideração é que no Egito não há preço fixo em nada. Tudo é na base da negociação. Se você, assim como eu, acha um porre ficar negociando absolutamente tudo, viajar por conta pra lá não é para você.
Outra questão é que viajando por conta você não vai conseguir ter a mínima estimativa de quanto vai gastar porque tudo vai ser negociado na hora.
Uma solução legal intermediária, que vi algumas pessoas que estavam lá fazendo, é ir sem pacote, mas comprar os passeios avulsos com agências que praticam preço tabelado. Assim, você tem a segurança da agência e, ao mesmo tempo, consegue estimar os valores que irá gastar para se programar. A Civitatis e a GetYourGuide, por exemplo, tem vários passeios assim.
O trânsito é muito bagunçado mesmo?
Já o trânsito é outra questão que merece destaque. Todo mundo buzina ao mesmo tempo e não há lei alguma. Os carros se fecham, batem e desafiam as leis da física o tempo todo. Tem camelo, charrete, burrinho, pedestre, moto com quatro pessoas em cima, bebês no banco da frente dos carros, centenas de vans lotadas de pessoas e muitos, muitos carros. Imaginou? Multiplica a imagem, acelera e mistura todo mundo. Põe mais buzina. Não tem semáforo, muito menos faixa de pedestre.
Poucas pessoas usam cinto de segurança e, nas motos, é raro ver capacete.
Atravessar a rua é uma aventura. É tão difícil que foi cruzando uma rua que torci meu tornozelo porque ou eu ficava viva ou olhava pro chão pra ver se tinha algum buraco.
Nas estradas, os motoristas correm muito, ultrapassam por todas as faixas e não é mais tranquilo que andar na cidade.
O Egito é seguro?
Esta foi a pergunta que mais recebi. Vou falar da minha experiência e claro que cada um vive uma viagem de uma forma. Afinal, nós somos paulistanos e já vivemos alertas no nosso cotidiano.
Primeiramente, vamos falar de segurança em relação a roubos. Em momento algum, eu tive medo de ser assaltada. Cruzamos o Egito, fizemos passeios por conta e nenhuma vez eu tive aquela sensação que temos em grandes capitais que alguém pode estar seguindo ou que vão levar nossa bolsa/mochila.
Tomamos os cuidados básicos que sempre temos: não dar mole mexendo no celular nas ruas, deixar a bolsa junto ao corpo e nada mais.
Nós não tivemos nenhum perrengue, mas também fomos bem cautelosos. Nos dias que saímos sozinhos, só fomos para atrações turísticas conhecidas e voltamos pro hotel bem antes de escurecer.
Inspeções de segurança
Uma coisa que chamou muita nossa atenção foram as inspeções de segurança. Nunca passamos em tantos raio-x na nossa vida! Em cada atração, tinha pelo menos um e as nossas mochilas eram sempre checadas nestas inspeções.
Na entrada do nosso hotel do Cairo, todos os veículos passavam pelo controle de um cão farejador. As buscas são sempre por explosivos.
Há um controle no deslocamento dos turistas nas estradas também. Passamos por vários check-points nas rodovias. Então, o motorista de cada ônibus ou van precisa informar a nacionalidade dos turistas que estão se deslocando. Os oficiais anotavam sempre e depois de alguns minutos éramos liberados. A mesma checagem era feita na porta de todas as atrações turísticas.
Outro episódio chamou nossa atenção em relação ao controle da polícia. No dia do passeio para Abu Simbel, saímos do cruzeiro às 2h30. Paramos em uma área onde mais de uma dezena de ônibus da nossa agência também aguardava. Precisamos esperar a liberação da polícia e só depois partimos para o deslocamento em comboio. O guia explicou que era para segurança dos turistas, mas não ficou muito claro para a gente qual a razão.
Como é o assédio dos vendedores?
O assédio dos egípcios com os turistas é muito grande e, em qualquer lugar, vai ter alguém te fazendo um serviço que você não precisa em troca de dinheiro, como abrir a torneira no banheiro pra você. Porém, em nenhum momento nos sentimos coagidos a dar o dinheiro.
Até mesmo os funcionários do aeroporto pedem dinheiro, mas a gente fingiu que não entendeu e pronto. Uma dica é não usar roupas que identifiquem sua nacionalidade. Assim, você pode sempre fingir que não está entendendo o que te falam.
Logo nos primeiros dias, o nosso guia do Cairo ensinou como falar “não, obrigado” em árabe (“la, shukran”). E, inclusive, treinou para que a gente dissesse isto de forma firme. Eu mesmo fui corrigida várias vezes. Ele me dizia: “você ainda está sorrindo”.
Realmente funcionava. Era totalmente diferente de quando a gente respondia em inglês ou até mesmo em espanhol. Para mim, foi um pouco triste esta questão de ter que ser quase grosseira com todo mundo.
A gente teve um episódio no mercadão que foi deprimente. Logo que chegamos, um menininho de uns 8 anos, enfiou uma bexiga na mão da Alice. Nós já sabíamos que era comum os vendedores tentarem amarrar lenços na nossa cabeça, enfiar lembrancinhas na nossa mão e estávamos preparados para evitar a situação porque eles não dão sossego até você dar a quantia que eles querem. Mas, não esperava que fossemos passar isto com outra criança. A gente não conseguia nem devolver a bexiga nem se livrar do menino. Precisou o guia intervir para devolvermos a bexiga. E, como mãe, foi horrível passar por isto. Tanto pelo fato de precisar ser “grosseira” com uma criança como ter que explicar a situação pra Alice.
Dificuldades
Antes da viagem, a gente imaginava que a maior dificuldade seria o assédio. Cada pessoa sabe o que incomoda e no nosso caso a intensa abordagem de vendedores e muitas pessoas “bajulando” são duas coisas que perturbam.
O pacote que compramos para o Egito foi surpreendente neste sentido. Como ele incluía as gorjetas, os nossos guias íam na frente abrindo caminho, falando em árabe, e afastando dezenas de pessoas que iriam vender coisas ou oferecer serviços. Os guias pagavam as gorjetas em todos os locais, seja pro condutor do barco ou para as pessoas que carregavam nossas malas (mesmo sem a gente querer).
Em cada parada (Cairo, cruzeiro e Hurghada), a gente tinha um guia diferente. O que nos acompanhou durante o cruzeiro dava gorjeta e também passava um óleo na palma das mãos das pessoas. Ele era visivelmente conhecido em todas as paradas e os caras que assediavam todos os turistas sempre corriam na direção dele pra ganhar o óleo e eram super gentis com a gente.
Porém, nada te blinda de ver a quantidade de pessoas, em situação extremamente vulnerável. Isto foi forte pra mim. A quantidade de crianças e velhinhos pedindo dinheiro é chocante.
É seguro uma mulher viajar sozinha pro Egito?
Antes de mais nada, quero dizer que sempre vou defender que lugar de mulher é onde ela quiser. Já fiz mochilão sozinha, já dormi em hostel em quarto misto…
Dito isto, vou dar minha opinião sobre o Egito: é machista e não é um lugar para mulher sozinha. Jamais aconselharia algo que pode colocar a vida de outra mulher em risco.
Minha sugestão é você comprar um pacote e ter o respaldo de uma agência.
O tratamento dos egípcios com mulheres sozinhas é totalmente diferente do que com mulheres acompanhadas. No nosso grupo, tínhamos duas mulheres viajando sozinhas. Era visível como todos os egípcios estavam cheios de amor para dar. Nada agressivo, nada ofensivo, mas era visível. E elas estavam sempre com o grupo, com o guia por perto.
Mesmo acompanhada, é inevitável notar a forma que os egípcios te olham. Vou ser bem direta: eles ficam secando mesmo. É desconfortável.
Felizmente não vi mais que isto, mas não iria além desta minha experiência nutella por lá também. Não pagaria para ver se é mesmo arriscado.
Egito com crianças: é possível?
Sim, é muito possível. Praticamente em todos os pontos turísticos vimos famílias com crianças, de todas as idades.
Sei que muita gente se questiona sobre qual é a melhor idade para este tipo de viagem, mas eu prefiro falar quais são as possíveis dificuldades e aí cada família decide se é viável.
Rotina: os horários dos passeios não são amigáveis. Pode ser um problema se o seu filho tem dificuldade de se adaptar a este tipo de rotina. Cada dia acordávamos em um horário diferente e o horário das refeições também variava muito.
Alimentação: a maioria dos restaurantes que atendem os turistas, tanto nos passeios como no cruzeiro, oferecem bastante opções de salada, pratos quentes, frutas e doces. Apesar disto, não há nada parecido com o arroz e feijão brasileiro. Quer dizer, até existe o feijão, mas ele é consumido pelos egípcios no café da manhã. O arroz normalmente tem algum tempero forte.
Uma dica é levar potinhos térmicos e pegar no café da manhã frutas, legumes ou outro alimento que a criança goste para comer ao longo do dia. Ajuda a manter uma alimentação saudável e, ao mesmo tempo, resolve naqueles momentos que o almoço atrasa.
Clima: nós viajamos no inverno (janeiro) e a temperatura estava super agradável. Leve em consideração o calor absurdo que faz por lá nos outros meses e também lembre que é um deserto. O tempo é muito seco.
Segurança: os hotéis e o cruzeiro, assim como na maioria dos destinos internacionais, não têm grades e telas de proteções em varandas e janelas dos quartos. É fundamental que você fique de olho.
Cultura: o Egito é um país muito diferente em vários aspectos que podem ser impactantes para as crianças (língua, vestimentas, cultura e muitas crianças pedindo dinheiro). Prepare seu filho.
Opinião
Apesar destas questões, acredito que é uma viagem absurdamente enriquecedora para as crianças. É importante também a família avaliar se a criança já tem maturidade para aproveitar bem este destino. Afinal, é uma oportunidade única de apresentar para o seu filho um dos lugares mais importantes da história da humanidade.
Qual é a melhor forma de levar dinheiro para o Egito?
A moeda oficial do Egito é a libra egípcia (1 real vale aproximadamente 6 libras egípcias). Na maioria dos lugares, você irá pagar em espécie, seja libras egípcias, euro ou dólar. Nós levamos euro (simplesmente porque já tínhamos) e trocamos lá um pouco destes euros por libras egípcias.
Recomendo que você tenha sempre trocados porque irá precisar para usar banheiros públicos.
A melhor forma de levar dinheiro para o Egito são os cartões de débito internacional porque a incidência de IOF e spread é menor, além de você garantir a cotação comercial. Você faz a recarga e saca nos caixas eletrônicos por lá (tem dentro dos hotéis, inclusive). Eu uso o cartão de débito da Nomad e, fazendo seu cadastro por aqui com o código ALICEPELOMUNDO20, você garante um cashback de até US$ 20 na primeira operação de câmbio.
Outra vantagem destes cartões é que você não pode ir fazendo recargas mesmo durante a viagem e não corre o risco de trocar dinheiro a mais, sem necessidade.
Está planejando uma viagem para o Egito? Então, aproveita e veja também como foi nosso roteiro de 12 dias pelo Egito e quanto custou a nossa viagem para o Egito.
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