A exposição que mostra a trajetória de Nise da Silveira está imperdível. Em cartaz no Sesc Belenzinho, em SP, a mostra conta a história da psiquiatra que revolucionou a saúde mental pela arte e pelo afeto.
Antes de mais nada, é preciso dizer que não é uma história qualquer…
Além de ser reconhecida mundialmente por seu pioneirismo no uso da arte na psiquiatria, a biografia de Nise ainda conta com vários fatos surpreendentes.
Nise ingressou em medicina aos 16 anos. Em sua turma, era a única mulher estudando com 157 homens. Na época, só para exemplificar, a faculdade na Bahia não possuía nem banheiro feminino.
Foi presa no governo Getúlio Vargas, acusada de subversão. A denúncia foi feita por uma enfermeira que viu obras de Marx em sua sala.
Na detenção fez um grande amigo: jogava cartas com Graciliano Ramos. A amizade deu tão certo que Nise serviu de inspiração para a personagem Caralâmpia, do livro A Terra dos Meninos Pelados.
Em cartaz até março
A exposição conta com três eixos.
Em primeiro lugar, são discutidas as questões relacionadas à loucura e à normalidade, em “Contexto, dor & afeto”.
Acho fundamental levantar este debate com as crianças. Ano passado, na exposição Bispo do Rosário, no @itaucultural, eu conversei bastante com a Alice sobre o tema. Assim, foi bem legal poder fazer a relação das duas exposições, que se complementam muito bem.
O segundo eixo foi o nosso favorito. Em “Ser mulher, ser revolucionária”, é possível imaginar quantas barreiras Nise quebrou em sua vida. Boa parte do estímulo, felizmente, veio de sua casa. Nise era filha de um jornalista e uma pianista, que sempre incentivaram seus estudos.
Por fim, no eixo “Engenho de Dentro: inconsciente e território”, conhecemos obras criadas por alguns de seus camafeus (era assim que Nise chamava seus pacientes artistas plásticos de talento). Na exposição, a produção de seus camafeus se mistura com obras de artistas contemporâneos, como Lygia Clark e Carlos Vergara.
Avaliação do especialista
Nise da Silveira tentou ao máximo compreender a produção artística de seus pacientes. Encontrou algumas possíveis respostas na obra do psicoterapeuta Carl Jung, fundador da escola de psicologia analítica.
Não satisfeita, achou melhorar confirmar com o próprio Jung. Escreveu para ele falando de suas suspeitas e anexou imagens das obras de seus pacientes. Surpreendentemente, Jung respondeu (por meio de sua assistente) confirmando suas hipóteses sobre as mandalas.
As mandalas e as correspondências fazem parte, da mesma forma, da exposição.
Nise da Silveira: A Revolução pelo Afeto fica em cartaz até 26 de março, no Sesc Belenzinho. De terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 18h.
A entrada é gratuita e não precisa ter credencial do SESC para visitar a exposição.
O Sesc Belenzinho fica na Rua Padre Adelino, 1.000, na Zona Leste de São Paulo.
Comment