O Palácio Boa Vista é um verdadeiro tesouro histórico e artístico no coração de Campos do Jordão. Além de sua arquitetura imponente, tem um vasto acervo de obras de arte que encantam visitantes de todas as idades.
Localizado no ponto mais alto da região, o palácio serve como residência oficial de inverno do governador de São Paulo, mas, ao longo dos anos, se tornou também um importante centro cultural.
O clima e a paisagem única da região inspiraram Adhemar de Barros, então interventor do Estado de São Paulo, a iniciar sua construção em 1938. Originalmente concebido pelo arquiteto polonês Georg Przyrembel, que participou da Semana de Arte Moderna de 1922, o projeto inicial apresentava um estilo neocolonial.
Contudo, ao longo da construção, esse estilo mudou, assumindo um caráter eclético, inspirado nos castelos europeus. O palácio foi inaugurado em 1964, marcando um novo capítulo na história cultural paulista.
A transformação em Palácio-Museu
Em 1969, durante o governo de Abreu Sodré, o secretário da Fazenda, Luís Arrobas Martins, deu início a um novo propósito para o edifício. Com a intenção de criar um museu, formaram o Grupo Executivo de Aproveitamento do Palácio de Campos do Jordão (Geapac), composto por especialistas responsáveis pela curadoria do acervo. Este grupo desempenhou um papel crucial na seleção de móveis, pinturas, esculturas, tapetes e objetos de arte que compõem o acervo atual do palácio.
A partir de 1970, o Palácio Boa Vista abriu suas portas ao público, assumindo também a função de museu. Desde então, o local se destaca por oferecer uma experiência única, onde as coleções estão dispostas em um formato de museu-casa, criando uma atmosfera imersiva para os visitantes.
O acervo artístico
Hoje, o Palácio Boa Vista abriga uma das mais importantes coleções de arte do Brasil, que inclui pinturas, esculturas e mobiliário dos séculos XVII e XVIII. Obras de grandes nomes do modernismo brasileiro, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti, são destaques do acervo permanente. Além disso, o palácio realiza exposições temáticas regulares, explorando a diversidade de seu acervo e oferecendo ao público a chance de interagir com diferentes expressões artísticas.
As visitas são gratuitas e guiadas, o que torna ainda mais especial. O Palácio é um museu de arte brasileira. Em primeiro lugar, o acervo conta com mais de 3 mil peças, abrangendo pinturas, esculturas, mobiliário e tapeçarias, muitas delas datadas dos séculos XVII e XVIII. Além disso, artistas renomados como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti têm obras em exposição permanente, o que faz do Palácio Boa Vista um ponto de referência para os amantes das artes.
Obras de destaque
Entre as peças mais marcantes, destaca-se a pintura “Operários” de Tarsila do Amaral, um símbolo da arte modernista brasileira. Ademais, os móveis coloniais do século XVIII dão um toque de requinte aos ambientes, enquanto tapeçarias belgas e orientais complementam a decoração.
Informações para visitação
O Palácio Boa Vista está aberto ao público em dias específicos, com horários variados para visitas espontâneas e para grupos agendados.
Visitação espontânea e grupos sem agendamento: Quarta-feira, sexta-feira, sábado e domingo, das 10h às 12h e das 14h às 17h, com permanência permitida até as 17h30. O atendimento acontece por ordem de chegada, com distribuição de senhas para grupos de até 20 pessoas. Recomenda-se a chegada no início dos horários de abertura do portão (10h e 14h), especialmente durante a alta temporada.
Visitação para grupos com agendamento: Na quinta-feira, o palácio recebe grupos de 20 a 40 pessoas, mediante agendamento prévio pelo e-mail monitoria@sp.gov.br. O horário de visitação é das 10h às 17h, com permanência até as 17h30.
Importante: educadores acompanham todas as visitas . Em caso de hóspedes oficiais no palácio, algumas áreas podem ter o acesso restrito. Para garantir a segurança, itens como bolsas, celulares, câmeras e alimentos precisam ficar no guarda-volumes, que também é gratuito.
Capela de São Pedro, Apóstolo
Ao lado do Palácio Boa Vista, fica a imponente Capela de São Pedro, Apóstolo. Lá, também é um dos palcos do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Já tive a oportunidade de assistir uma apresentação por lá e é emocionante o efeito que causa a mistura da música com as imagens refletidas na água.
Em 2006, quando eu trabalhava como repórter para a Imprensa Oficial, tive a oportunidade de entrevistar o arquiteto Paulo Mendes da Rocha para saber mais sobre o projeto da Capela de São Pedro, Apóstolo. Confira como foi a entrevista, publicada originalmente na Revista Cadernos de Cidadania:
A Capela de São Pedro, Apóstolo, no Palácio Boa Vista, é uma estrutura íntegra de concreto armado, com as paredes de vidro, permitindo que o público visualize a paisagem da região. Nos vidros, os reflexos do céu, do próprio público e das apresentações confundem quem está dentro (e fora) da capela. Não é possível saber o que é real e o que é imagem refletida. Toda a nave reflete sobre um espelho d´água onde está o batistério, aumentando ainda mais a ilusão. “A capela é mágica”, resume o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que idealizou a construção.
A capela foi sagrada em 21 de julho de 1989 pelo cardeal Agnelo Rossi. Na primeira celebração, executaram a Sinfonia de Sagração da Capela São Pedro, Apóstolo, de autoria do maestro Júlio Medaglia. Paulo Mendes lembra que a primeira celebração foi emocionante: “Muitos amigos estavam presentes. Foi uma festa”.
Sobre um só pilar estão a nave, o coro e o teto. “Que apareça transparente para as cumieiras da serra, sólida e cristalina; organizada estruturalmente, enquanto construção votiva por excelência, sobre um único pilar”, explicava o arquiteto, no projeto encaminhado ao governador em outubro de 1987.
Efeito encantador
Paulo Mendes conta que a ideia de um grande pilar sustentando a capela surgiu quando visitava a Catedral de Milão. “A Catedral de Milão é aquela coisa enorme, gigantesca. Pouco a pouco, quando você se aproxima dos pilares, percebe que eles têm quatro metros de diâmetro. Perto deles, a catedral parece pequena”.
Depois de escolher o local onde iriam construir a capela, Paulo convidou o amigo calculista Siguero Mitsutani para garantir a viabilidade do projeto. Ao subir a rampa de acesso do Palácio, o visitante começa a perceber a existência da capela aos poucos, como se a construção tivesse vida.
A capela é interligada, por meio de um corredor, ao Palácio Boa Vista. Todos os detalhes foram pensados, orgulha-se o arquiteto. A parede desse túnel, chamado de “Corredor da Memória” não toca o solo. Uma pequena fresta no chão traz a luz que é refletida na água dentro da capela, produzindo um efeito encantador.
Santo Padroeiro
Inúmeras peças do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo foram para a sacristia da capela compondo um acervo religioso com obras dos séculos 17 ao 20. Anjos tocheiros, oratório de viagem e outros fragmentos de várias épocas formam um conjunto precioso de arte sacra.
Sob a laje de concreto do coro da capela, sobre uma armação de aço, está pintado um painel de 10 metros, que reflete na água. Durante a noite, com a iluminação do local, a imagem pode ser vista na lateral de vidro.“Tirei partido das dimensões alongadas do painel, pintei duas imagens do Santo Padroeiro, lembrando dois momentos marcantes da vida de Pedro”, explicou o pintor Glauco Pinto de Moraes.
Destaque, também, para a pia batismal de granito natural e as esculturas produzidas especialmente para o projeto: São Pedro, Apóstolo do Mestre Dezinho, e São Pedro, de Elvio Becheroni, que, de braços abertos, recebe todos os visitantes na entrada da capela.
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